Podia ser só mais uma história de amor fantasiado. No entanto, esta história, sumariamente contada por um excerto, diferencia-se pela narração de toda uma vida conjunta de um casal, ao passo que outras optam, legitimamente, pela intensidade de um momento.
Casaram-se. Os pais dele exultaram, os dela aplaudiram, timidamente. Como é hábito em recém-casados, compraram uma casa à qual se dirigiram logo após a celebração do matrimónio! Contudo, o estado da moradia não era o mais condizente com a irradiação de luz emanada pelo belo casal. Mãos à obra, suor nas vestes matrimoniais e num instante o belo lar de Carl e Ellie estava pronto, no ponto e conforme os conformes do complexo projecto! Fundações feitas, amor consolidado, estava na hora do herdeiro que sucederia ao amor como o factor determinante da vida de Carl e Ellie. Engalanaram a corte, mas o principezinho nunca chegou, rumores dizem que foi raptado pela maléfica Infertilidade.
Foi então que o amor de Carl e Ellie voltou a assumir o papel principal. O sonho do amor deles era viver num castelo, bem alto, em Paradise Falls. De centavo a centavo, iam alimentando um porquinho. Foram vários, mas nenhum foi sacrificado por o objectivo capital. Ora o pneu furado, ora o pé fracturado, ora o lar estragado, e o amor simples e mundano ia comendo o porquinho.
Gravata após gravata, os cabelos esbranquiçavam e o romance ganhava cor. A cor do antigo, do sentido e a cor de quem já não conseguia viver sem o seu par. Antes do baile terminar, Paradise Falls foi ressuscitado. Carl comprou as passagens e preparou a surpresa com a doçura de um piquenique num planalto. Funestamente, o planalto era tão, tão alto, que Ellie nunca conseguiu subi-lo. Os médicos não lhe deram muita esperança mas Carl deu-lhe um balão. Com ela morreu o seu livro das grandes aventuras não vividas, porém, a sua maior aventura foi viver ao lado de Carl. Ele foi para casa, ela para o céu mas continuaram a viver felizes para sempre.
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