Ela é loira mas não é aquela loira perfeita idealizada
pelos homens. Isso não existe. Nem entre as loiras, nem entre as morenas muito
menos entre as ruivas. Mas tem as imperfeições mais bonitas deste Mundo. Os
sinais, o sorriso tímido, o andar singular. E os olhos claros são o espelho de
uma alma delicada que respira autenticidade. Observa mais do que opina, ri mais
do que chora.
Ela não é perfeita porque a perfeição não existe, e não
existe porque o ser humano tenta sempre mais do que tem, e do que pode vir a
ter. E se não é linda e quase perfeita aquela que se fica por uns all-star e
umas jeans, a mais pomposa e produzida não será de certeza. Ela encanta-me
porque casa a singularidade dos gestos com a simplicidade do indispensável. E desenganem-me
se estiver errado, mas a beleza não é sentida nas trivialidades, mas antes nos
elementos orgânicos inerentes ao Homem.
Ela tem um rosto muito pouco carregado. É leve, é
tranquilo, mas pode ser só fruto da ingenuidade que lhe aligeira a vida e a
torna mais bela. A ela e à própria vida. E o rosto, por ser belo, por ser
único, e sobretudo por deixar-me instantaneamente sem fôlego, não consigo
descrever mais do que o fiz. Porque o que é para mim, pode não o ser para outrem
e na verdade ninguém consegue explicar a razão de todas as mães serem as
melhores do Mundo.
Ela pode ser tudo necessidade e mentira dos meus olhos
parcos em amor, deste coração que sente tão pouco, sentir desta forma tão
intensa a beleza de quem só o nome conheço. Mas o instinto raramente se despega
da razão, ora não coabitassem eles no mesmo individuo. O que seria do homem se
sentisse e não agisse ou, por outro lado, agisse sem sentir? Frustração e Vazio.
Ela, mas e se ela for tudo o que quero, será que posso
chamá-la perfeita?