“São só 22
parvos a correr atrás de uma bola” O desdém de quem não o ama converge
invariavelmente nesta subjectiva apreciação. Pois bem, se há algo que nos torna
diferentes dos animais é a capacidade de pensar racionalmente, mas nem por isso
devemos negar as paixões que nos atingem, mesmo que seja um desporto. O Mundo
seria uma valente seca se ponderássemos as nossas acções até ao mais ínfimo pormenor.
É por isso que o Futebol mexe comigo. É o anticorpo desse pragmatismo
exacerbado. É fundamentalmente paixão. Pode ser amargo na derrota e doce na
vitória. Mas também é saber respeitar quando se ganha e ganhar o máximo com a
derrota. É muita frustração, mas muito mais prazer. É o casamento vitalício da
técnica, do físico e da mente. É suor e lágrimas. É suor e gargalhadas. Vai da
tristeza à alegria tão depressa como o oposto. É a vitória suada e a derrota
bem vendida. É os minutos no banco, os golos de levantar o estádio. É o treino
e o jogo. É camaradagem, entreajuda e cumplicidade. É uma máquina que requer
todas as peças. É a inexactidão e a imprevisibilidade. É sujo e quezilento. É
transversal do Zé Povinho às elites. É
falível porque é humano. É sentimentos, é extremamente humano. Mexe e remexe
dentro de cada um que o ama. O Futebol também não é muita coisa. Não é 22
parvos a correr atrás de uma bola. E isso é tanto.
Mas se as
paixões são o ópio de quem tão pouco escreve, também esta metalinguagem é
perigosamente incapaz de pintar a explosão de emoções que o desporto mais praticado
do Mundo oferece. O Futebol é amor e desamor às mãos do golo.