sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Anxietatem Amoris


Gostava que o amor fosse música. Gostava que o amor fosse uma partitura composta tão livremente assim o desejo do compositor. Os músicos seríamos nós,  os demasiado inconscientes para compreender a ausência do livre-arbítrio. Tocaríamos o alinhamento, exultaríamos alegrias, choraríamos tristezas. Sem o pesar de quem apenas vive, com a soberania sobejamente reconhecida a um espectáculo de marionetas.

A nossa música é diabólica, sem qualquer tipo de rigor ou criatividade, de vontade parca e qualidade duvidosa. A letra está incompleta, o ritmo indefinido e a história por acabar. Mal existimos. Espero e desespero por conhecer o género. A minha preferência é Rock ligeiro, tipicamente música de nicho em que o gostar é venerar, porém as probabilidades recaem sobre uma amorfa, exasperante e recorrente balada de amor. A verdade é que o amor catalisa a loucura e não há nada mais autêntico neste Mundo que a loucura perpetrada por aqueles que amam. Venha de lá então essa balada, afinal não é o amor que nos move? De que serve o dinheiro se não temos companhia para gastá-lo? De que serve a saúde sem alguém com quem partilhar a vida? Sei tão pouco sobre ti que nem faço ideia das quantidades que tens destas coisas. Mas gosto do teu sorriso. É autenticamente bonito. Faz-me sorrir.

Há muito que te espero, já pensei que eras tu as vezes suficientes, mas a inexorabilidade do destino dita mais uma espera. Espero que seja desta. Procuro-te vertiginosamente nos espaços moribundos da libido feminina que me atraem tão rapidamente como me repudiam, quero sair enquanto quero ficar, tudo é anti-matéria. Em pleno rodopio, fico sem saber para onde ir, não te vejo. Nunca. A ansiedade aumenta. Mata-me e esfola-me, revela as fraquezas, fode a cabeça e o coração vai atrás. Quero-te a ti. Não sou de muitas, sou de ti. Não sou de muitas porque não posso, quero ser de ti porque acredito no amor. É contigo que quero ser, sem a contenda entre a cabeça e o coração, sem desejos que tanto têm de transitórios como de estéreis. Quero preencher esta parte viciosa da vida, a melhor parte, a mais romântica mas a mais luxuriosa, o amor e o desejo, nós e nós.
Quem és? Não sei, mas existes.